A dosagem da Proteína- C de alta sensibilidade vs a proteína C-reativa e sua correlação nos processos inflamatórios.
Uma das principais finalidades dos testes laboratoriais é auxiliar o raciocínio médico após a obtenção da história clínica e a realização do exame físico, pela equipe laboratorial. Para tanto, todas as fases de execução dos testes, sobretudo a pré-analítica, devem ser conduzidas seguindo o rigor técnico necessário para garantir a segurança do paciente e resultados exatos, para que a condução no prognóstico do paciente seja mais assertiva.
A dosagem da proteína C, ultrasensível (CRP-HS) e a proteína C-reativa (CRP), quando dosadas em soro e plasma, por ensaio imunoturbidimétrico, nos equipamentos bioquímicos da família XL, como o equipamento XL 200, apresentam um importante papel no diagnóstico de doenças inflamatórias.
A proteína C-reativa é uma das proteínas de fase aguda, cuja concentração sérica aumenta ou diminui pelo menos 25% durante os estados inflamatórios. A proteína C-reativa, é sintetizada pelo fígado, em resposta a fatores libertados por macrófagos e células de gordura, os adipócitos. A resposta da fase aguda expressa por essa proteína, é resultado de um aumento na concentração de IL-6, além de outras citocinas, produzidas por macrófagos, bem como adipócitos em resposta a uma ampla gama de condições inflamatórias agudas e crônicas, que podem ser desencadeadas por microrganismos como bactérias, fungos, vírus, doenças reumáticas e outras doenças inflamatórias. Estas condições acabam gerando o desencadeamento na síntese da proteína C-reativa e fibrinogênio pelo fígado.
Está proteína descoberta em 1930, recebeu esse nome devido a uma reação quando em contato com o polissacarídeo -C, de uma bactéria chamada pneumococo, na fase aguda da pneumonia pneumocócica. Portanto, sua dosagem direta eleva-se em quadros inflamatórios mais rapidamente e sua variação é bem mais ampla quando comparada ao exame VHS, Velocidade de hemossedimentação. A VHS, é um exame que mede indiretamente a produção de fibrinogênio, muito indicado para a verificação de processos inflamatórios no organismo, pois indica se o fígado está produzindo mais fibrinogênio. A popularização da dosagem da proteína C reativa (CRP) reduziu a importância da VHS como marcador de inflamação, pois a CRP também é uma proteína de fase aguda produzida pelo fígado. Com este exame medimos diretamente os níveis da própria proteína, bem mais sensível do que uma avaliação indireta com a VHS.
A associação entre a inflamação e a doença cardiovascular (DCV), está muito bem estabelecida, e a proteína ultrassensível, CRP-HS, da empresa global Erba Mannheim, contribui para a identificação de indivíduos sob o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, devido a sua alta sensibilidade. Muitas doenças cardiovasculares resultam de fatores relacionados a inflamação constante nas paredes dos vasos sanguíneos e acúmulo de colesterol na parede dos vasos, contribuindo com o desenvolvimento de inflamações. A PCR, ultrassensível, possuí um limite de detecção em torno de 0.13 mg/L, entretanto a dosagem de ambas as proteínas, quando solicitadas pelo médico, terão o seu grau de importância clínica.
Autor(a): Juliana Oliveira – Mestre em Patologia-UFF
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