Hepatite C, o que é?
É um processo infeccioso e inflamatório, causado pelo vírus C da hepatite (HCV) e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Uma vez estabelecido o diagnóstico de cirrose hepática, o risco anual para o surgimento de carcinoma hepatocelular (CHC) é de 1% a 5%. O risco anual de descompensação hepática é de 3% a 6%. Após um primeiro episódio de descompensação hepática, o risco de óbito, nos 12 meses seguintes, é de 15% a 20%.
Epidemiologia
A hepatite C é considerada uma epidemia mundial. Entre os anos de 1999 a 2018, foram notificados 534.376 casos de hepatite C no Brasil. A maior parte dos indivíduos infectados pelo HCV desconhece seu diagnóstico.
A maior prevalência de hepatite C está entre pessoas que têm idade superior a 40 anos, sendo mais frequentemente encontrada nas regiões Sul e Sudeste do país. Pessoas submetidas à hemodiálise, usuários de drogas e pessoas com HIV são exemplos de populações mais vulneráveis à infecção pelo HCV.
Atualmente, são conhecidos seis genótipos do vírus C da hepatite. O genótipo 1 é o mais prevalente no mundo, sendo responsável por 46% de todas as infecções pelo HCV, seguido pelo genótipo 3 (30%). O mesmo se observa no Brasil, com pequenas variações na proporção de prevalência desses genótipos.
Posicionado até 2019 entre os países que se comprometeram a alcançar melhores índices de controle da hepatite C, no último ano o Brasil retrocedeu nas metas estabelecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), incluindo redes de tratamento e diagnóstico da doença. Os indicadores de tratamento da doença tiveram queda de mais de 50% em 2020, comparados aos índices do ano anterior, provavelmente em razão da crise sanitária de Covid-19.
Formas de transmissão
A transmissão do HCV pode acontecer por:
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Contato com sangue contaminado, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos para uso de drogas (cachimbos);
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Reutilização ou falha de esterilização de equipamentos médicos ou odontológicos;
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Falha de esterilização de equipamentos de manicure;
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Reutilização de material para realização de tatuagem;
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Procedimentos invasivos (ex.: hemodiálise, cirurgias, transfusão) sem os devidos cuidados de biossegurança;
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Uso de sangue e seus derivados contaminados;
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Relações sexuais sem o uso de preservativos (menos comum);
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Transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto (menos comum).
Diagnóstico laboratorial
Em geral, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica. Normalmente, o diagnóstico ocorre após teste rápido de rotina ou por doação de sangue. Esse fato reitera a importância da realização dos testes rápidos ou sorológicos, que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV. Se o teste de anti-HCV for positivo, é necessário realizar um exame de carga viral (HCV-RNA) para confirmar a infecção ativa pelo vírus. Se o exame de carga viral apresentar valor mínimo de 500 UI/mL será necessário realizar a genotipagem do HCV. Após esses exames, o paciente poderá ser encaminhado para o tratamento, ofertado gratuitamente pelo SUS, com medicamentos capazes de curar a infecção e impedir a progressão da doença.
REFERENCIAS:
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Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções. 2019.
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MESSINA, J. P.; HUMPHREYS, I.; FLAXMAN, A.; BROWN, A.; COOKE, G. S.; PYBUS, O. G.; BARNES, E. Global distribution and prevalence of hepatitis C virus genotypes. J Hepatol, Geneve, v. 61, n. 1, p. 77-87, 2015
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Westbrook, Rachel H, and Geoffrey Dusheiko. “Natural History of Hepatitis C.” Journal of Hepatology 61(1 Suppl): S58-68, 2014.