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Marcadores Cardíacos no IAM

O infarto agudo do miocárdio (IAM), também conhecido como ataque cardíaco ou apenas infarto, é a condição patológica emergencial resultante da deficiência de irrigação sanguínea em determinadas áreas do tecido muscular do coração. A iminente falta de sangue ou isquemia provoca dor intensa e imediata e a falta de oxigênio causa a morte gradual dos tecidos que depois de algumas horas pode se tornar irreversível.

A maioria das mortes por Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença, sendo 40 a 65% na primeira hora e, aproximadamente, 80% nas primeiras 24 horas. Dessa forma, a maior parte das mortes por IAM acontece fora do ambiente hospitalar e, geralmente, é desassistida pelos médicos.

Para diagnosticar o infarto, além de outros exames, o clínico também pode solicitar exames laboratoriais com o objetivo de detectar a presença de marcadores cardíacos bioquímicos que têm sua concentração aumentada em situações de IAM. Os marcadores podem ser utilizados para o auxílio do diagnóstico da lesão cardíaca, sendo a Troponina Cardíaca I (Tn-I), Creatina Quinase (CK-MB) e Mioglobina são os principais marcadores utilizados no diagnóstico do IAM.

Troponinas

Atualmente, devido à sua alta especificidade e sensibilidade para detectar necrose miocárdica, as troponinas (Tn) são consideradas os biomarcadores padrão ouro para o diagnóstico e avaliação de risco em pacientes com IAM. Além disso, as troponinas têm constituído poderosos preditores de mortalidade e eventos isquêmicos recorrentes. As troponinas são constituídas de três proteínas (troponina-C, troponina- I, e troponina-T) localizadas nas fibras musculares estriadas. A medição clínica dos níveis de Tn-I no soro é uma ferramenta importante no diagnóstico do IAM.

Atualmente as dosagens de troponinas I e T com ensaios ultrassensíveis (Tn Us), capazes de detectar quantidades 10 a 100 vezes menores no sangue. Esta precisão analítica aumentou significativamente a sensibilidade do método, possibilitando o diagnóstico mais precoce, reduzindo-se a necessidade de “seriar marcadores”. Uma dosagem isolada na admissão do paciente com dor torácica pode alcançar valor preditivo negativo de 95%, semelhante a estratégia de seriar troponina durante 6-9-12h. Caso o paciente chegue com início da dor muito precocemente, uma segunda amostra com intervalo de 3 horas consegue uma sensibilidade próxima a 100% para IAM.

Mioglobina

Durante a década de 1970, a mioglobina foi a primeira proteína não enzimática usada para o diagnóstico de IAM. Por causa de sua liberação rápida na circulação, sua alta sensibilidade e seu alto valor preditivo negativo, a mioglobina é considerada excelente para descartar o diagnóstico de IAM, apesar de sua baixa especificidade, pois é encontrada também nas fibras musculares esqueléticas. Está elevada no quadro de choque grave, trauma no músculo esquelético, estágio final da doença renal, exercício vigoroso, distrofia muscular, entre outras situações.16 Portanto, a mioglobina pode ser mais útil quando usada em conjunto com outros marcadores cardíacos para a rápida determinação do IAM, especialmente em pacientes com dor torácica atípica ou alterações eletrocardiográficas inespecíficas e que chegam ao serviço de emergência antes de quatro horas do início dos sintomas.

Creatinoquinase (CK)

A creatinoquinase (CK) total é uma enzima reguladora da produção e da utilização do fosfato. A CK é uma molécula dimérica composta por duas subunidades (M e B), formando assim três isoenzimas, CK-BB, CK-MM e CK-MB. Essas isoenzimas são expressas em diferentes níveis nos tecidos humanos, sendo a CK-MB mais específica do tecido do miocárdio. Portanto, níveis elevados de CK-MB podem ser considerados como um indicador importante do diagnóstico do infarto do miocárdio.

Esses marcadores citados, seja na inclusão ou exclusão de hipóteses, têm sua importância diferencial nos diversos contextos clínicos do IAM. A Sociedade Brasileira de Cardiologia preconiza que no processo investigativo de IAM devem ser usados pelo menos dois marcadores: um precoce (mioglobina e CK-MB) e outro tardio definitivo (incluindo a CK-MB e as troponinas). De forma semelhante, os Consensos Americano e Europeu de Cardiologia sugerem a utilização da troponina (T ou I) como marcador preferencial de lesão miocárdica. Se os ensaios de troponina não estiverem disponíveis, a melhor alternativa é a CK-MB, não sendo recomendado o CK total isolado. Na ausência desses ensaios, opta-se por quaisquer outros testes disponíveis, sendo fundamental o reconhecimento de sua limitação diagnóstica e a incapacidade de atender às reais necessidades de cada paciente.

 

Referências:

IV Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supra desnível do Segmento ST.  Arq. Bras. Cardiol. 105 (2 suppl 1) 2015.

Marcadores bioquímicos do infarto agudo do miocárdio / Biochemical markers of acute myocardial infarction. Rev. méd. Minas Gerais; 24 (1), jan-mar. 2014.

Marcadores bioquímicos e o diagnóstico do infarto do miocárdio – Celer Biotecnologia (incdigital.com.br). Acessado em 02/03/2022.