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Proteína C Reativa e Aplicações clínicas laboratoriais

 Giselle Marques – Application Specialist

Descoberta em 1930 por William S. Tillet e Thomas Francis, nos EUA no Instituto Rockefeller. Os responsáveis pela descoberta observaram que o soro de pacientes com pneumonia criava um precipitado quando misturado com extrato solúvel de Streptococcus pneumoniae. Esse extrato solúvel, futuramente foi identificado como um polissacarídeo da parede celular do pneumococo, recebendo o nome de fração C.

O. T. Avery e Theodore J. Abernethy em 1941, identificaram como proteína a substância sérica responsável pela formação do precipitado com a fração C do pneumococo, chamando-a então de proteína “C” reativa (PCR). Essa reação de precipitação foi também observada com o soro de pacientes com outras doenças como por exemplo: osteomielite, febre reumática, endocardite bacteriana subaguda, entre outras, ao resolver o problema clínico ela se tornava negativa.

A PCR foi a primeira de uma série de proteínas reconhecidas como reagentes de fase aguda, na qual se caracterizam por ter suas concentrações plasmáticas alteradas em resposta a estímulos inflamatórios de qualquer natureza, como estresse, infecções, queimaduras, necroses, doenças malignas, cirurgias, traumas, doenças inflamatórias e exercícios vigorosos. A PCR apresenta elevação precoce, valores mais elevados em relação à concentração inicial e rápido retorno aos níveis basais com a resolução do quadro.

Os níveis séricos da PCR começam a aumentar entre quatro e dez horas após o início do impulso, atinge o pico de até 1.000 vezes sua concentração inicial em aproximadamente 48 horas e, com sua meia-vida é de quatro a nove horas, retornam rapidamente a valores basais após a melhora do processo.

A concentração sérica da PCR é determinada pela sua taxa de síntese, já que a taxa de degradação não é influenciada pelas diversas doenças. É produzida principalmente no fígado, assim como onde também é degradada em sua maior parte. Produção extra-hepática podem ser observadas em linfócitos, placas ateroscleróticas e neurônios de pacientes com doença de Alzheimer.

O gene que codifica a produção da PCR está situado no braço longo do cromossomo 1 e sua transcrição é moderada por citocinas produzidas por monócitos, macrófagos e fibroblastos ativados. O principal fator de estímulo para a produção da PCR é a interleucina-6. O fator de necrose tumoral-α e a interleucina-1β, entre outros, atuam sinergicamente com a interleucina-6, exacerbando esse estímulo.

Até há pouco tempo, a PCR era tida como um bom marcador de resposta aguda, mas sem função específica conhecida. Hoje em dia, é reconhecida por sua participação na defesa em infecções por diversos microrganismos, na reabsorção de material necrótico e na regulação de processos inflamatórios. Provavelmente, também participa na reação inflamatória que dá origem às lesões ateroscleróticas.

Figura 1: Proteína C Reativa Fonte: jechrisale.blogspot.com

As concentrações de PCR podem ser reportadas em mg/L e em mg/dL. O quadro abaixo demostra que a dosagem da PCR pode ser útil ao diagnóstico clínico quando solicitada de forma criteriosa e que é fundamental para a interpretação de seus resultados o conhecimento de sua dinâmica, assim como o de suas limitações.

Quadro 1: Indicações clínicas e limitações para o uso da proteína C reativa.

Na atualidade, existe um método ultrassensível (US) para a dosagem de PCR. Ele mede exatamente a mesma PCR que o exame convencional, mas é capaz de detectar concentrações muito menores da PCR (limite de detecção – 0,03 mg/L).  Esse tipo de método foi proposto como indicador prognóstico de desfechos cardíacos em pessoas com doença coronariana estável (DCE) ou síndrome coronariana aguda (SCA), porém, as evidências científicas atuais são insuficientes para recomendá-la como meio de determinar a aplicação de terapias específicas para a SCA ou para a prevenção secundária de eventos coronarianos, o que torna a sua solicitação discutível, mesmo nesses casos.  Pois, a mesma não deve ser utilizada para fumantes, obesos, diabéticos, portadores de osteoartrose, mulheres sob terapia de reposição hormonal, pessoas em uso de anti-inflamatórios ou com infecções. A dosagem pelo método US não está indicada para avaliação de possível complicação infecciosa.

Conclui se que quando solicitadas de forma correta a PCR e a PCR-US auxiliam na investigação clínica do paciente, monitorando seu diagnóstico e prognóstico. Ressalta que a PCR em níveis elevados indica situações em que o organismo está com processo agudo inflamatório ou infeccioso, não sendo indicado o uso da PCR-US, que por sua vez, auxilia na avaliação de riscos cardiovasculares em pacientes com condições normais de saúde. A Erba Brasil possui em seu portfólio os Kits de PCR e PCR -US que podem ser utilizados na nossa linha de Bioquímica XL180, XL200, XL640 e XL1000.

Referências:

AGUIAR, Francisco JB et al. Proteína C reativa: aplicações clínicas e propostas para utilização racional. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 59, p. 85-92, 2013.

COLLARES, Guilherme Birchal; PAULINO, Urquiza Helena Meira. Aplicações clínicas atuais da proteína C reativa. Rev Med Minas Gerais, v. 16, n. 4, p. 227-33, 2006.

ANDRIOLO, Adagmar; COSTA, Roberta Pasianotto; NOVO, Neil Ferreira. Pró-calcitonina e proteína C reativa em processos infecciosos graves. Jornal Brasileiro De Patologia e Medicina Laboratorial, v. 40, p. 169-179, 2004.